Sábado, dia 16 de dezembro de 2000. O Vasco empata com o Cruzeiro em casa no primeiro jogo da semifinal da Copa João Havelange. O vice-presidente Eurico Miranda descobre que Oswaldo de Oliveira decidiu dar o domingo de folga ao elenco. O dirigente diz que não é hora para descanso, quarta-feira é dia de decisão da Copa Mercosul, e muda a programação da comissão técnica. O treinador não aceita e, com isso, secamente, é demitido pelo mandachuva ainda no vestiário do jogo contra os mineiros.
No segundo dia da série especial em homenagem à virada do século, conta como, até os 45 minutos do primeiro tempo da decisão contra o Palmeiras, aquela partida entrava para a história como o título perdido pelo presidente que havia decidido mandar embora o técnico a quatro dias da grande final. Uma década depois, Eurico Miranda admite o risco assumido.
– Eu sempre fui apontado como o culpado pelas derrotas. Não seria a primeira vez. Mas eu considero isso normal para quem tem de tomar decisões. O que eu não poderia deixar era que acontecesse aquela quebra de hierarquia – recorda.
Assim que o grupo foi comunicado da demissão de Oswaldo de Oliveira, alguns jogadores – Eurico Miranda prefere não revelar os nomes – foram até ele pedir que revogasse a decisão. Alegaram que o dia de folga não tiraria a concentração às vésperas da decisão internacional.
Tarde demais. Ainda no sábado, o telefone de Joel Santana tocou. Era Eurico Miranda. No domingo à tarde, o Natalino estava na Colina para comandar o primeiro treino. O mesmo Natalino que faria sua estrela brilhar ao colocar Viola no intervalo da final no Parque Antarctica.
– Um resultado como aquele não se repete. Nunca pensamos que poderíamos perder. Quando o Júnior Baiano foi expulso, não colocamos um zagueiro. Cada jogador tirou o que havia de algo mais de dentro de si naquela noite – concluiu Eurico.
EURICO LEMBRA QUE CHAMOU PARA SI A PRESSÃO
Eurico Miranda ressaltou que, em um momento como aquele, em que o time perdia por 3 a 0, fez questão de ser o centro das atenções das animosidades da torcida palmeirense para tirar a pressão dos jogadores, que retornavam a campo para tentar reverter o placar desfavorável em apenas 45 minutos:
– Estava um clima muito ruim. O vestiário, a recepção... Mas acho que isso é normal. Eu era a pessoa mais visada. O coro no estádio era “Ei, Eurico vai**”. Voltei do vestiário depois das equipes e atravessei o campo sozinho, em direção ao banco, do lado oposto à saída do vestiário, para atrair um coro forte para mim. Foi proposital. Queria passar aos jogadores que, acontecesse o que acontecesse, a responsabilidade era minha.
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